Passeio à Tracunhaém, a rota do barro
Pra começar vou contando que este passeio à Tracunhaém, em Pernambuco, não foi programado para ser um passeio turístico. Conhecer a rota do barro, como é conhecida, aconteceu meio sem querer.
Você já sabe que meu irmão tem um restaurante aqui no litoral da Paraíba, onde moramos. Contei aqui. Ele e sua esposa, que é chef de cozinha, gostam de usar utensílios regionais para servir seus pratos de pegada nordestina.
Estavam precisando repor travessas e panelas e me convidaram para acompanhá-los na viagem, que é rápida porque fica em torno dos 100km daqui da Costa do Conde, na Paraíba. Assim caí em Tracunhaém, numa terça-feira de setembro, num dia fresco de primavera.

De Tracunhaém eu já conhecia muitos trabalhos, tanto por conta dos tempos de loja da Vila do Artesão quanto porque eu possuo uma escultura do leão de Marco de Nuca em minha casa, que é herdeiro de um dos nomes importantes da arte popular da cidade.
Mas estar lá e vivenciar algumas horas naquele clima que de fato tem o cheiro da cerâmica…..ah, isso é outra coisa.
Enquanto eles compravam o que precisavam, eu explorava espaços, espiava cantinhos escondidos e registrava tudo o que podia, afinal meu tempo ali, naquele dia, seria breve. Sim……quero e vou retornar para visitar outros ateliers.
Tracunhaém, como chegar
Se você é uma pessoa que tem prazer em ver a cultura brasileira de perto quando viaja, vai aí a dica de como chegar à Tracunhaém.
Vou considerar que seu ponto de partida seja Recife.
Tomando a BR-408 em direção à Carpina e depois seguindo para Tracunhaém, são em torno de 70 Km de estrada que hoje está em boas condições, tem um trânsito tranquilo e uma paisagem bonita com alguns canaviais e engenhos pelo caminho. Se vier de João Pessoa, o acesso é feito na altura de Goiana passando depois por Nazaré da Mata.
Tracunhaém tem em torno dos 14 mil habitantes, é uma cidade pequena, mas bem cuidada, com uma praça central em frente à Igreja Matriz, onde o tempo parece andar com mais tranquilidade. Hospedagem e restaurantes se encontram facilmente em Carpina, 8 km dali.
Arte popular de Tracunhaém
Ali na praça também fica o Centro de Artesanato, que funciona como um tipo de associação dos artesãos locais, onde se estoca, limpa e prepara o barro retirado do Rio Tracunhaém, e onde turistas podem adquirir peças e conhecer trabalhos de vários artistas populares.
Nesse entorno é que se encontra a maior parte dos ateliers e olarias, e é possível circular a pé entre um e outro. Na minha breve visita eu conheci os espaços de Zezinho de Tracunhaém, de Josafá Tibúrcio, de Heleno e Mana, de Domingos, de Titino Brito e Cristina, e de Luiz Gouveia.
Em quase todos eles eu presenciei arte acontecendo em alguma das etapas da produção. Até fiz uma live para o Instagram do atelier de José Tibúrcio onde o oleiro modelava mini potinhos, e mostrei o estoque de peças pronta-entrega. Procure no meu Insta que vou repostar lá.
Durante a live muita gente pedia dicas de como comprar, então no final do post dou os contatos que tenho em mãos. Os artesãos estão, em sua maioria, organizados para atender pedidos fora do estado e pra quem tiver a oportunidade de visitar o local, certamente encontrará muitas peças belíssimas para levar.
Ali onde fiz a live, por exemplo, há 5 artesãos trabalhando: Jair, Regilene, Ivanildo, Silvio e o próprio Tibúrcio, cada um com seu estilo e tipo de peça, e todos focados no que fazem de melhor. Apoiados pela oportunidade anual que a Fenearte oferece, produzem para a feira e em função dos contatos obtidos através dela. Lembrando que a Fenearte está entre as maiores feiras de artesanato e arte popular da América Latina.
A cada atelier eu encontrava algo que me encantava, e cada artesão, cada artista popular trabalhando ao seu modo e estilo, peças com sua identidade. Os anjos e bonecas de Cristina de Tracunhaém são encantadores.
Mas também tem arte abstrata e peças decorativas com toques mais contemporâneos. Infelizmente não tivemos tempo de visitar os ateliers de Betinho, Carlos Sivini e Jetro. Por isso precisarei retornar 😉

Visitei o atelier de Mana e Heleno, e por lá a cor faz parte da coleção de peças decorativas bem como o barro natural em objetos com belíssimo design.
E enquanto eu suspirava entre um atelier e outro, meu irmão e cunhada compravam seus utensílios.
Vale dizer que Tracunhaém não é só barro na atividade criativa. Tem artesãos de mãos cheias que esculpem a madeira e modelam o papel machê. Mas isso é papo pra outra hora.
Por fim
Antes de achar que tem poucas imagens neste post, vou avisando que fiz tantas fotos, mas tantas, que me obriguei a colocar num álbum lá no Flickr. Clica nas setas e role as fotos aí abaixo ou clique e passe lá dar uma espiada geral. Tem muita coisa linda.
Como prometi, seguem alguns contatos destes artesãos e artistas populares. Considere que é possível haver troca de números de celulares ao longo do tempo, então não tenho como garantir a validade indefinida 🙂
Mana e HelenoRua Nair Bezerra da Silva, 29 – Centro
(81) 99202-5183 / 99692-6255 / [email protected]
Rua Manoel Pereira de Moraes, n 110, Centro
(81) 99433-8330
(81) 99557-8299
Av. Desembargador Carlos Vaz, 85, Centro
(81) 3646-1215 (81) 99113-4176
[email protected]
Praça Costa Azevedo, Centro de Artesanato
(81) 99902-0967
Rua Alberto Coutinho Vieira,85 – Centro
(81) 99497-9159 / 99709-3773
[email protected]
Rua Alberto Coutinho Vieira,85 – Centro
(81) 99107-0867 / 99766-5266
[email protected]
Praça Costa Azevedo,100 – Centro
(81) 99257-3160 / 99470-7898 / 99735-6138 / 9858-2325
[email protected]
Av. Desembargador Carlos Vaz, 85, Centro
(81) 99612-1480 Jair / 99394-4627 Regilene
Por hora é isso. Se eu puder auxiliar em algo mais, me escreva.
Fotos: Cris Turek
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Olá! Ótimo post! Poderia me informar alguma olaria de vasos de barro em Tracunhaem? Grato!
Miquéias, todos os locais que menciono no post possuem opções de vasos bem variados. É questão de visitar e negociar 😉
Abraços.
Miquéias, os locais que menciono no post possuem opções de vasos bem variados. E se quiser em quantidade é questão de visitar e negociar 😉
Abraços.
As borboletas são do artesão Ledilson, vendida por Gouveia.
Obrigada Adriana, informação adicionada ao álbum 🙂
Gostaria de saber quem faz pratinhos de parede. E como chamam prato de samaritanas.
Lorena, em Tracunhaém tem muitos ceramistas e muitas lojas. É questão de garimpar, perguntar e pedir indicação entre eles mesmo para o que estiver procurando.
Não sei se eles tem um nome especial para o prato da samaritana, mas penso que é só explicar o uso que fica fácil de encontrar.
Se você não for até Tracunhaém use os contatos listados no fim do post e telefone. Beijos.
Fui a tracunhaém fique maravilhado com diversas peças , não me contive comprei varias de peixes, panelas e borboletas.
estarei voltando de novo no próximo de junho/19.
Nem me fale João, é muito difícil se conter nas compras 😉
Lindo trabalho… Lindo de viver. Sou artesã em Belém e acabei de desenvolver um projeto de eco jóias em cerâmica. Mas tenho a pretensão de fazer outros trabalhos como esculturas por exemplo. Quem sabe essa localidade não seria um laboratório pra mim.?
Oi Cris,
Estava sentindo falta de posts como esse em que você passeia mostrando lugares, pessoas, artes e artesanatos. Obrigado
Que bom saber Antonio Carlos. Nem sempre consigo fazer estes passeios, por isso os posts não acontecem. Mas está anotada a sua sugestão 😉